Existem pessoas que lembram de tudo. Fazem da memória um
chip de armazenamento ilimitado parecido com tablets, ipads, smartphones! A
memória é algo seletivo. A história nos ensinou que é preciso ouvi-la mas
desconfiar dela. Exaltamos e deserdamos quem queremos na memória a partir do
que lembramos e do que esquecemos. Lembrar certamente é uma capacidade
tão importante quanto esquecer. Lembrar de lavar roupa (e depois tirar a roupa
da máquina), lavar, limpar, pesquisar, escrever. Tarefas rotineiras viram um habitus incorporado difícil de esquecer.
O difícil é lembrar daquilo que não queremos fazer. Lembro de lavar o carro,
porem não o faço, de ir ao médico e fazer exames, mas não vou. Penso que quando
a dor vier lembrarei. Lembro da água do cachorro, mas lembro do banho dele só
quando o cheiro lembra minhas narinas que é preciso ir ao pet. Como uma pessoa
atenta desenvolvi mecanismos de rotina e quase nunca me esqueço das coisas do
dia a dia. Sou taxada em casa de general, metódica, chata e um sem número de
adjetivos que fazem da minha pessoa uma capricorniana típica. Entretanto, quando
as coisas saem da rotina fica quase impossível de lembra-las. Para isso servem
agendas on-line e de papel, quadros de recados, papeis pela mesa e colados no
computador, telefonema da mãe, da tia, da irmã e da cunhada para lembrar dos
eventos de família. Realmente me esforço para lembrar e não esquecer. Tudo isso
(agenda, papel, recados) só não serviram para uma coisa: lembrar das datas de
aniversário. Muitas vezes faço um esforço espartano para
lembrar mas isso acaba acontecendo sempre um dia antes ou depois (as vezes uma
semana depois). Justo eu, a pessoa que mais gosta de fazer aniversário, cantar
parabéns e ganhar ligações e abraços e festa e bolo e vela.... Entra ano e sai
ano eu continuo a me penalizar pelos aniversários que passaram. Já fui capaz de
ligar para uma das minhas melhores amigas no dia do aniversário dela para
avisar de um velório e não parabeniza-la. Encontrar com outra amiga e dar aquele abraço de feliz aniversário exatamente um mês antes. Fui capaz de lembrar do
aniversário do meu marido no meio de uma reunião de trabalho ao meio dia e isso
graças a pergunta de um estagiário sobre qual seria o nosso próximo encontro. Ao
abrir a agenda do dia me deparei com a data fatídica e com o horário nada impróprio
para ligar para a pessoa que havia acordado ao meu lado. Isso é realmente um pesar nesta
encarnação, pois penso sempre que no meu dia as pessoas irão dar o troco; ou
não me ligarão, ou não ganharei abraços, beijos, bolo, festa e tudo mais que
amo junto a comemoração de um aniversário típico e conservador. É torturante toda
vez que alguém nas redes sociais agradece as mensagens de carinho pelos
aniversários. Estou sempre respondendo a estas mensagens com um feliz
aniversário atrasado e mais mil desculpas por ter esquecido. Isso não quer dizer que quero lembrar de todos, mas nem dos que realmente importam tenho lembrado ultimamente. Se nenhuma dessas
tecnologias ajudaram muito a resolver esse problema, meus amigos que me perdoem,
mas esquecer continua sendo algo necessário para lembrar de vocês depois!
terça-feira, 16 de julho de 2013
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